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quarta-feira, 2 de julho de 2025

 O Barbeiro Filósofo


Imagem criada por IA


Leitor amigo, se alguma vez te aconteceu observar-te no espelho durante um corte de cabelo, saberás que não há exercício mais cruel para a vaidade nem mais instrutivo para a filosofia. Foi o que experimentou Antônio naquela tarde de terça-feira, quando decidiu entregar-se inteiramente às mãos do barbeiro Joaquim.

Digo entregar-se inteiramente porque não se tratava de mero corte: Antônio queria-se raspado, limpo, despojado de toda a cabeleira grisalha que lhe cobria a cabeça e de toda a barba que lhe sombreava o rosto. "Máquina zero", disse ao barbeiro, "cabelo e barba. Quero recomeçar."

Ora, quem disse que se recomeça raspando a cabeça? Mas deixemos as filosofias para depois e sigamos o nosso homem.

Joaquim, que tinha a experiência de quem já transformara mil rostos, sorriu com aquela superioridade discreta dos profissionais que sabem mais do ofício do que os clientes. Ligou a máquina — instrumento que zunindo parecia uma cigarra metálica — e começou a obra.

O primeiro a desaparecer foi o cabelo. Antônio, que até então se julgava conhecer, viu surgir no espelho um desconhecido de cabeça rapada, de feições mais duras, quase monacais. "Quem é este?", perguntou-se, e o homem careca pareceu retribuir a pergunta com igual curiosidade. Estranha coisa: conhecermo-nos de fora para dentro, como se fôssemos vizinhos de nós mesmos.

Passou então a máquina à barba. Primeiro cortou as laterais, deixando apenas o cavanhaque e o bigode, e eis que um segundo personagem se apresentou no espelho. Este tinha ares de intelectual, talvez de poeta melancólico ou de professor aposentado. Antônio quase se afeiçoou a esta nova versão de si mesmo, que lhe parecia mais interessante que a anterior. Mas a máquina é implacável, e não consulta as nossas preferências.

Desapareceu o cavanhaque, ficou o bigode. Terceira personalidade: agora surgia um homem de aparência galante, com ares de quem já conheceu o mundo.  O bigode dava-lhe um quê de conquistador aposentado, de quem guarda memórias que não conta aos netos.

Antônio quase protestou quando viu Joaquim erguer novamente a máquina. Tinha-se afeiçoado àquele homem-bigode. Mas que protesto vale contra a lógica de uma decisão tomada?

E então, raspado o último pelo, apareceu finalmente... ele mesmo.

Não digas, leitor, que sempre foi ele mesmo. Enganas-te. Era e não era. Era o Antônio essencial, despido dos ornamentos que o tempo lhe havia acrescentando como quem acumula móveis numa casa. Cada ruga mostrava-se agora sem disfarce, cada marca da idade se exibia sem a cortesia dos pelos que as suavizavam. E, coisa curiosa, este Antônio despojado parecia-lhe mais verdadeiro que todos os outros.

"Os óculos", disse Joaquim, devolvendo-lhe a armação.

Antônio pôs os óculos e piscou. O homem do espelho piscou também, e foi como se se cumprimentassem após longa ausência. Conheces esta sensação, leitor? É como reencontrar um livro antigo numa estante e descobrir que o tinhas esquecido justamente na melhor página.

"Pronto", disse Joaquim. "Voltemos ao trabalho."

Pagou Antônio e saiu. Na rua, sentiu o sol diferente no rosto descoberto. E ao passar por uma vitrine, vislumbrou seu reflexo e sorriu — não para o que via, mas para o que havia descoberto: que por baixo de todas as máscaras que a vida nos vai pondo, permanece sempre o mesmo homem, à espera de ser redescoberto.

Simples assim, leitor. Às vezes basta uma máquina de barbeiro para nos ensinar o que não aprendemos em anos de filosofia.

 Texto criado por IA Claude Sonnet 4  -  estilo Machadiano

"O Barbeiro Filósofo" por Ingo Dietrich Söhngen © 2025.

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional (CC BY-NC 4.0).

Disponível em:  https://sohngen.blogspot.com/2025/07/o-barbeiro-filosofo-imagem-criada-por.html

Para ver uma cópia desta licença, visite: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/deed.pt_BR

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